terça-feira, dezembro 29, 2009

dois mil e nove

Eu tinha preparado um post especial pra esse final de 2009: um arquivo do word "contando" o melhor e o pior de cada mês do ano. Acontece que o arquivo está no meu computador de Curitiba e, honestamente, bateu uma preguiça enorme de (tentar) lembrar tudo e escrever aqui.
Mas, tomando uma cervejinha e um pouco de sol nas costas aqui em Santa Catarina, percebi que não preciso dizer tudo de bom (e de ruim) que aconteceu pra tornar 2009 especial do jeito que foi, apenas que posso dizer, sem pestanejar (adoro essa expressão), que 2009 foi o melhor ano da minha vida até agora. Mesmo.

quarta-feira, outubro 28, 2009

cura

o chão limpo reflete
a janela
(igualmente limpíssima)
o mundo se acaba em sol
lá fora
e eu aqui, hipnotizada
pelo teu cheiro
a cuidar das feridinhas
que brotam
das tuas costas

segunda-feira, outubro 12, 2009

maracujá

e é aquela vontade estranha de não querer sair de perto, rir de uma futura calvície, contar os causos da infância distante e da adolescência que ainda faz sombra, listar os filmes já vistos e os não vistos também, fazer pouco caso se uma das partes entende mais de uma coisa do que a outra, ter intimidade pra falar coisas ridículas – e pra parecer ridículo também.
é estar junto não porque é necessário, mas pura e simplesmente pela vontade de estar.
(e eu quero)

terça-feira, setembro 29, 2009

"(...) Diego,

essa carta é uma mentira.
Paris tem sido boa pra mim, mas sem você não significa nada.
Toda a raiva dos nossos 12 anos juntos passam por mim e só sei que eu o amo mais que minha própria vida, e talvez você não me ame assim, mas você me ama um pouco, não é?
Se não for verdade, sempre terei esperanças de que seja."


quarta-feira, setembro 16, 2009

idade adulta

os pés com meias
tocam-se
(tímidos)
embaixo daquele
cobertor azul
(do mickey)
e os sorrisos
que surgem por
trás dos brilhantes
aparelhos ortodônticos
poderiam explodir
o mundo inteirinho

terça-feira, setembro 08, 2009

Conjunto

Sabe aquela história de "happiness only real when shared"¹? Então...ando descobrindo que não há nada mais lindo que (com)partilhar alegrias, ter amigos, amar as pessoas. Leio coisas antiquíssimas (do ano passado) aqui e me acho tão boba por já ter me auto-julgado auto-suficiente. Não. Eu preciso das pessoas. Eu preciso ter pessoas com quem eu possa me preocupar e que eu saiba que se preocupam comigo também. Preciso de ajuda pra andar e pra levantar quando cair. E, claro, de pessoas para as quais eu possa falar todas essas coisas bregas que amo falar - no fundo vocês sabem que eu sou mais Sidney Magal do que sou Mick Jagger.


¹Into the Wild

domingo, agosto 23, 2009

Doceria

as horas passadas
na lanchonete
de copos sujos
e pratos de jogos
diferentes
não a fizeram mudar
a maneira
de ver o mundo
nem a paixão
que sentia pelo vizinho
(maconheiro)
que chegava bêbado
do supletivo
às 11 da manhã

domingo, agosto 09, 2009

Bijuteria

apesar de mamãe dizer
que com eles
Catarina parecia
uma vagabunda,
os brincos gigantes
de plástico
não atrapalharam
quase nada
o primeiro beijo

sexta-feira, julho 31, 2009

Bittersweet home

Ontem postei um tweet falando que não gostava de Guarapuava e que algumas pessoas me consideravam babaca por isso. Motivada pela curiosidade de alguns e pelo tempinho que não postava aqui, resolvi contar o porquê dessa relação de amor e ódio.
Guarapuava é uma cidade no centro-oeste do Paraná, que possui cerca de 180.000 habitantes, um prefeito pai do deputado que matou dois em Curitiba e onde venta feito o diabo.
Apesar da quantidade até altinha de habitantes, Guarapuava é uma cidade pobre, o que faz com que o número de pessoas que "preenchem" as classes média e alta seja pequeno, então quase todos se conhecem (cheguei à essa conclusão com uma amiga dia desses). Minha família, felizmente (ou não), faz parte desse grupo de pessoas e, embora não sejamos tradicionais daqui nem nada (meu pai é de Londrina e maman é de Irati), até que meus pais são conhecidinhos.
Essa última informação somada com o fato de que todos se preocupam com a vida de todos por aqui (da pior maneira possível, claro) me levou a sempre fazer as coisas quase sempre com o cu na mão e com medo de que meus pais ficassem sabendo (o que aconteceu algumas vezes). Felizmente nunca precisei fazer muuuuuita coisa escondida deles, mas tive vários amigo(a)s que tomaram no cu bonito por isso (sendo que quase sempre a situação não era pra tanto).
Guarapuava é uma cidade de aparências. As pessoas vivem competindo (veja bem, eu estou falando do pessoal da "society") pra ver quem é mais influente, quem tem o melhor carro, quem usa as melhores roupas, quem namora os caras mais ricos (nossa, se for alguém da colônia dos alemães então...) e por aí vai.
Além do mais, não há o que se fazer em Guarapuava. Se você não se importa de ir sempre aos mesmos lugares e ver sempre as mesmas caras, ótimo - eu me importo.
Outra coisa que me emputece é que a cidade tem tudo pra crescer (boa localização, gente precisando de emprego, universidade estadual etc), mas não cresce. A política por aqui é uma bosta.
Foi em Guarapuava que eu criei meus traumas, que conheci gente ruim pra mim (ruim de verdade), que eu sempre vi alguém tentando puxar o tapete dos meus pais (da minha mãe principalmente). Aqui eu conheci a falsidade na raiz. Também sofri por (tentar) ser autêntica, conhecendo desde pessoas que me julgavam muito mal a pessoas que tentavam me copiar a todo custo.
Claro que nem tudo é merda e eu passei bons momentos nessa cidadezinha gelada. Tive bons (nem todos) namorados, amigos, uma infância feliz. Foi aqui que meus pais fizeram a vida, onde eles continuam e, olhe, se eu não nutrisse um carinho pela antiga da cidade da maçã, eu nem consideraria ela minha cidade natal (visto que nasci em Curitiba); porque, afinal, home is where the heart is.
Eu odeio tanto Guarapuava que quase chego a amá-la; o problema é que ela não me dá orgulho, entende? E ter orgulho das coisas é de extrema importância pra mim.
Espero, do fundo do meu coraçãozinho vermelho e pulsante e meio seco, um dia poder dizer com a boca cheia e quase babando que sim, sou de Guarapuava.

terça-feira, julho 14, 2009

2001

depois de
distantes halloweens
infantis
(dos cursinhos de
inglês)

voltas da escola
presbiteriana
controles de videogame
caseiros
vieram as mãozinhas
entrelaçadas
os dedos
limpando os olhos
a respiração
ofegante e
cá estamos
amantes
de três semanas

domingo, julho 12, 2009

Pois é

Não adianta tentar porque meu cérebro não vai ceder.
Preciso ter o coraçãozinho partido brutalmente para poder usar as palavras de novo.

terça-feira, junho 16, 2009

El amor en los tiempos del cólera

Catarina não vivia paixão como essa há algum tempo (desde os 14 anos, para ser mais exata). Paixão do modo como ela deve ser mesmo: um sentimento louco, que faz encolher a barriga até as costelas aparecerem, arrepiar os pelinhos do braço, reconhecer o cheiro da pessoa no meio de outras mil.
Não era o tipo de paixão que ela vinha vivendo ultimamente, de primeiro olhar para os gostos da pessoa, ver se poderiam discutir Star Wars por horas a fio, se poderiam dividir um livro da García Márquez. Não. Era paixão sem colocar Mestre Yoda ou Aureliano Buendía algum no meio. Era paixão de querer ensinar as coisas a ele, de conhecer os nós dos dedos, de deitar na grama do Jardim Botânico num sábado de sol. Paixão que faz as coisas mais bregas do mundo parecerem um Pollock.
Pela primeira vez em muitos anos, Catarina vivia uma paixão sem olhar para si mesma primeiro. Era paixão de olhar pra ele. Só para ele.

segunda-feira, junho 01, 2009

Felicidade

Rio, acho graça
dos seus dentinhos
tortos
do seu terno
impecável
da implicância
com meu cigarro
Desejo tangos
eternos
e vinhos
inacabáveis
e mil noites
ao seu ladinho

segunda-feira, maio 25, 2009

Poetinha

"(...)Uma beleza que vem da tristeza/De se saber mulher/Feita apenas para amar/Para sofrer pelo seu amor/E pra ser só perdão(...)"¹

Incrível. Só Vinicius de Moraes mesmo pra conseguir cantar de forma tão linda que somos meio burrinhas.




¹Samba da Bênção

domingo, maio 17, 2009

Indigestão

Após deixar que colocasse os pés na mesa e mastigasse meu coraçãozinho, você o mastigou mastigou mastigou e vomitou tudo no meu peito oco e aberto

terça-feira, abril 28, 2009

Subterranean Homesick Alien




"I live in a town
Where you can't smell a thing
You watch your feet
For cracks in the pavement
(...)
I wish that they'd swoop down in a country lane
Late at night when I'm driving
Take me on board their beautiful ship
Show me the world as I'd love to see it"

quinta-feira, abril 16, 2009

Posse

Sinto-me mais eu quando sou mais tua

sexta-feira, abril 10, 2009

All is full of love

Época de inocência

terça-feira, abril 07, 2009

Essa mulher



Eu tinha uns 12 anos quando esse vídeo “bombava” (hahaha sorry, não encontrei outro termo) no Disk MTV.
Eu adorava o clipe e a música, apesar de não entender direito algumas coisas que o Arnaldo Antunes cantava.
Esses dias lembrei da música do nada, e me deu vontade de ver/ouvir. E é claro que dessa vez eu entendi bem melhor. É genial.
Ridículos são os comentários no youtube, dizendo que a música é uma baixaria, que o Arnaldo é um depravado e coisas do gênero – não todos os comentários, é claro. Au contraire, mon ami.
Se no fundo o Arnaldo é depravado mesmo, não faço a menor idéia; mas ao escrever a música, a última coisa que ele foi foi ser depravado.
Para esse mundo em que a mulher é vista apenas como um objeto, a crítica e o aviso do compositor e cantor são claros: homens, sejam carinhosos, companheiros, atenciosos. Se é só pra sexo, a mulher se vira muito bem sozinha.
E eu tiro o chapéu pra você, Arnaldo.

sexta-feira, abril 03, 2009

Magdalena Carmen


Há um tempo atrás, comprei Frida no cestão das Lojas Americanas.
Adoro esse filme porque gosto das cores quentes, da história de amor da Frida e do Diego Rivera (igual a do Sartre e da Simone de Beauvoir, e que eu nunca conseguiria ter igual) e, claro, porque sempre gostei da vida da mestra.
Quando comprei o dvd, lembrei de uma das vezes em que vi o filme, há uns 4 anos, no Corujão. Era janeiro, férias de verão, e eu estava na praia com a minha prima.
Eu insisti pra ela ver comigo até o final, disse que era muito bom e essas coisas de quem é "fã". Ela seguiu meu conselho e viu inteiro. Fiquei feliz.
Quando terminou, olhei pra ela e perguntei, ansiosa e sorridente, o que ela tinha achado. Sabe o que ela respondeu?
"É legalzinho. Só não entendi por que escolheram uma mocinha com monocelha para ser a protagonista."
Ah, ok.

quarta-feira, abril 01, 2009

sonhar

imagina só
que bonitinho
nós dois
naquele prédio
estilo inglês
da Lamenha Lins
dividindo a cama
a cozinha
a banheira
e a saliva

sexta-feira, março 27, 2009

Preciso de uma descarga elétrica no cérebro. Sério.

quarta-feira, março 18, 2009

chanson

Sonho em um dia poder cantar "Non, Je Ne Regret Nien" a plenos pulmões - por ora não posso de jeito algum. Não apenas porque me falta (e muito) voz e o domínio do francês, mas é que seria uma hipocrisia cantar que não, não me arrependo de nada, enquanto me arrependo até do que jantei trinta minutos atrás.

sábado, março 14, 2009

egocentrismo

Às vezes eu penso que eu seria uma bela de uma antropóloga. Eu e mais metade do mundo, pois todos gostamos de imaginar como os outros pensam, comem, dormem, fazem amor...
Olhamos as pessoas no ônibus e tentamos imaginar como aquela sustenta os três filhos, como aquele ganhou as primeiras rugas, como o vovôzinho ficou manco, o que levou a senhorinha a roer tanto as unhas.

Na verdade acho que eu seria é uma boa análise de estudo, já que choro, grito, tenho vontade de morrer e mesmo assim me considero a melhor pessoa do mundo. A mais foda e mais certa, que deve ter olhado mais de cinco mil outros e outras durante toda a vida e que não teve vontade de ser nenhum ou nenhuma.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

crescer

Sozinha nessa Curitiba de céu sem estrelas, de pessoas frias e ônibus laranjas, fico a sonhar com o dia em que você chegará com o anel mais bonito dos anéis já feitos - com pedras encravadas e seu nome escrito dentro - ajoelhando-se e me pedindo, e eu dizendo que sim, meu amor, que serei apenas sua, que lhe deixarei me fazer mulher, que aprenderei a dançar, a cozinhar, a dirigir, que ouvirei seus discos com o maior gosto do mundo, que lhe darei filhos e filhas e netos e bisnetos, que esfregarei meus dedos em suas costas pra que você consiga dormir.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

frutas

No ponto de ônibus
vejo crianças
(simples)
com seus picolés
de acerola
de 1 real
(pura água)
suspiro e lembro
daquela boca
laranja
e da minha
cor de cereja
tornando-se
uma só
(um vermelho que cega)



ps: desculpem-me por esses poeminhas cretinos, é que ultimamente eu ando tão sonhadora que penso que qualquer um pode (tentar) ser poeta.

sábado, fevereiro 14, 2009

Invasão

Chegou
sem ao menos
pedir
licença e
já foi
pondo os pés
na mesa e
mastigando
meu coração

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Licencinha

Só pra registrar que hoje foi meu primeiro dia de aula na gloriosa Faculdade de Direito de Curitiba (preciso repetir que não passei na UFPR? - isso ainda me incomoda e qualquer dia escrevo um post contando sobre tudo de ruim que a reprovação me causou) e eu me senti como um coelhinho assustado. Invisível também.
Não como um coelhinho assustado invisível, como pessoa invisível mesmo.
(Até que seria legal ser invisível às vezes)

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Sabor

Perdôo
teu café
amargo
pois teu
sorriso é
doce

quarta-feira, janeiro 21, 2009

amor paraguaio

olhando o mar...
descoberta!
meu amor é pirata