quinta-feira, agosto 28, 2008

Lê o jornal da semana passada com os óculos engordurados, tem preguiça de limpá-los. Na realidade, não sabe como não teve preguiça de ler o jornal.
Ultimamente não tinha mais vontade de nada, respirar parecia difícil.
Saudades da infância, da adolescência, daquele professor lindo de biologia, das amigas da faculdade, dos colegas de trabalho, da família. O tudo tinha virado nada.
Ela não sabia se poderia continuar, mas também não tinha coragem de acabar com tudo. Ou com nada.

sábado, agosto 23, 2008

Apelo

Ajudem a garota
Coitada
Uma linha fina sufoca seu coração

terça-feira, agosto 19, 2008

Surto

As inscrições pros vestibulares 'tão abrindo e eu não sei direito o que quero fazer da minha vida.
Essa é uma fase louca, eu só tenho 18 anos (-50 dias) e tenho que decidir o que vou fazer pro resto da vida. Como assim?
Quando eu tinha uns onze, perguntei pro meu pai que curso as pessoas que gostavam de ler e de escrever faziam. Ele me respondeu que faziam direito ou jornalismo, e foi aí que minha odisséia começou. Sim, com onze anos de idade e que se estende até hoje.
Ano passado eu decidi que faria direito. Faria direito, iria entender tudo de leis e de política. Afinal, gosto de história, filosofia e sociologia, o que teria a perder? Eu iria usar boina de feltro, sapato, participar de discussões, reviver 68. Depois de formada, iria fazer mestrado na França ou na Itália. Meu pai é advogado, 'tá no sangue. Já me imaginava até com a mochilinha do curso.
Mas aí as universidades abrem essas malditas inscrições, e me deparo com uma lista de cursos que morro de vontade de fazer. Além de direito e o tal do jornalismo, me encaram letras, história, desenho industrial, artes visuais, psicologia, cinema e vídeo (em algumas faculdades)...
Eu quero fazer direito, mas ao mesmo tempo quero escrever pra jornal, desenhar, dirigir, conhecer tudo de literatura... :~
E agora, José?

sábado, agosto 09, 2008

Bandidagem

- Ah, eu te amo querido!
- Linda.

Ela ama. Passa o café, lava as cuecas, cozinha, faz massagem. É Amélia.
Ele gosta.

- Hoje vou te fazer uma janta.
- Não, hoje vou no churrasco do Tiago.
- Ahhhhh, môr.
- Pô, não faz essa carinha, não. Perco o tesão de sair daí.
- Mas é que eu queria que você ficasse comigo...
- Ô, neguinha. A hora que eu chegar fico.
- ...
- Ah, num chora. Você sendo egoísta. Se continuar assim...
- Tudo bem, tudo bem. Só não chega muito tarde.
- Minha carona chegou. *beijinho*
- Eu te amo!

Ela chora.

"Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
(...)"

[Tom Jobim/Chico Buarque]

quarta-feira, agosto 06, 2008

Fantasia

Ela era coisa fina.
Maravilhosa, educada, inteligente. Estudada, falava sozinha em francês e não entendiam porra alguma. Tava estudando pra ser diplomata.
Gostava de comida requintada, de ópera, Vivaldi, Guimarães Rosa.
Conhecia todas as regras de etiqueta, gastava horrores com vestidos de Oscar de La Renta, só usava maquiagem Givenchy pra cima.
Não usava banheiro público.
Mas e na cama?
Na cama apanhava, gritava, era puta de quinta categoria.

sexta-feira, agosto 01, 2008

"Amiga parceira é amiga solteira."

Então nunca fui parceira.

Eu gosto de namorar, de verdade, e isso me resultou um número razoável (4) de namorados pra minha idade e um não tão razoável de quase namorados, mas tudo bem.
(não tenho planos de aumentar esses números)
Gosto de monogamia e não venha me chamar de retrógrada por isso.
Acho que o fato que explica tudo isso é o de que nunca gostei de baladas (pelo menos as de Guarapuava são uma merda), pegação, rala-e-rola. Esse tipo de lugar inspira a poligamia, querer experimentar tudo e todos. Não, isso nunca foi pra mim.
Quando eu namoro alguém, gosto de compartilhar as coisas, procuro me interessar pelos interesses (dã) da outra parte envolvida, gosto de conhecer os amigos...Mas não pense que sou uma machista que adora servir, muito pelo contrário, as coisas devem ser do meu jeito e ponto final.
Vivi bons e ruins momentos em cada relacionamento que tive, tudo bem que em alguns foram muito mais ruins do que bons, mas tudo faz parte de um aprendizado (inclusive o arrependimento).
Não sou letrada em assuntos de amor e paixão, mas posso dizer que as pessoas têm medo de se relacionar (homens e mulheres) e isso é triste, porque não tem nada melhor do que alguém que você ama te apoiando nas horas mais difíceis (e boas também, é claro).
Peço desculpas pelo meu discurso de menininha do séc. XIX, mas não troco meu namorado nem por mil amigas parceiras.