Catarina não vivia paixão como essa há algum tempo (desde os 14 anos, para ser mais exata). Paixão do modo como ela deve ser mesmo: um sentimento louco, que faz encolher a barriga até as costelas aparecerem, arrepiar os pelinhos do braço, reconhecer o cheiro da pessoa no meio de outras mil.
Não era o tipo de paixão que ela vinha vivendo ultimamente, de primeiro olhar para os gostos da pessoa, ver se poderiam discutir Star Wars por horas a fio, se poderiam dividir um livro da García Márquez. Não. Era paixão sem colocar Mestre Yoda ou Aureliano Buendía algum no meio. Era paixão de querer ensinar as coisas a ele, de conhecer os nós dos dedos, de deitar na grama do Jardim Botânico num sábado de sol. Paixão que faz as coisas mais bregas do mundo parecerem um Pollock.
Pela primeira vez em muitos anos, Catarina vivia uma paixão sem olhar para si mesma primeiro. Era paixão de olhar pra ele. Só para ele.